Polícia investiga três hipóteses para explicar queda de viga do monotrilho

vigamonotrilho-10-06-2014A Polícia Civil de São Paulo investiga três hipóteses para tentar explicar as causas da queda de uma viga da obra do monotrilho, que matou um operário e feriu outros dois na tarde de segunda-feira (9) na Zona Sul da capital. O delegado Marcos Gomes de Moura, titular do 27º Distrito Policial, Campo Belo, informou nesta terça-feira (10) que também será apurada eventual responsabilidade pelo acidente com morte e lesões.
O caso foi registrado como homicídio e lesão corporal culposos (sem intenção). A investigação quer saber se houve imperícia, imprudência ou negligência na colocação da estrutura de cerca de 90 toneladas que despencou.
Desde segunda-feira, a Defesa Civil interdita por tempo indeterminado um trecho de 300 metros de distância da obra onde ocorreu o acidente. A liberação só ocorrerá após a retirada da viga que despencou.
Apesar disso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vai interditar parte da obra por risco de acidente do trabalho, segundo informou a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP). Em novembro, um ponto da obra também tinha sido interditado por causa da queda de vergalhões.
O Ministério Publico Estadual (MPE) vai instaurar inquérito para para apurar a situação da obra.
A peça do monotrilho que despendou estava sustentada por duas colunas a mais de 20 metros de altura. Três operários estavam sobre ela. A viga caiu por volta das 16h50 sobre a Rua Vieira de Morais, na esquina da Avenida Washington Luiz. Essas vias estavam abertas para o trânsito de veículos no momento do acidente, mas nenhum auto foi atingido. O local também é perto do Aeroporto de Congonhas.
A Avenida Washignton Luís ficou interditada das 16h30 de segunda até 9h30 de terça. A Rua Vieira de Morais continuava interditada às 13h50 desta terça-feira por causa da viga que bloqueia totalmente a via e ainda não tem previsão para ser retirada, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Polícia Civil
“Tenho informação preliminar e não oficial de que parte do ferro que dava sustentação a viga se rompeu, mas isso ainda precisa ser apurado”, disse o delegado Moura, do 27º DP, nesta terça-feira (10) ao G1. “Em tese, como o crime que está sendo apurado é culposo, sem intenção de provoca-lo, cabe a polícia investigar se houve imperícia, imprudência ou negligência na execução da peça que caiu”.
Entre as questões que o delegado quer saber, estão, por exemplo, qual o tipo de material foi empregado na estrutura da viga, se a peça foi colocada corretamente, como foi encaixada e quem realizou esse procedimento. “Mas para isso precisamos ter noção de engenharia. Nesse caso, a investigação vai depender mesmo dos laudos técnicos que serão feitos pela Polícia Técnico-Científica”.
Imagens de uma câmera de segurança gravaram o momento da queda da viga da obra do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô.
Operário morto
Segundo a investigação, outros operários teriam visto o momento em que um lado da viga se movimenta sobre uma coluna, se deslocando e caindo primeiro. Depois, o outro lado da viga onde estavam operários teria deslizado, atingindo Juraci Cunha dos Santos, de 27 anos. Ele fazia ajustes na viga e ficou prensado entre com a pilastra, morrendo no local. A vítima fatal era do Piauí (PI) e trabalhava havia um ano na empresa. Seu corpo foi levado ao estado onde ele nasceu para ser enterrado, informou o SPTV.
Em nota, o Metrô informou que “lamenta o acidente ocorrido na obra do monotrilho da Linha 17” e acrescentou que vai exigir do consórcio responsável pelo serviço “uma rápida apuração sobre as causas da ocorrência”.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se solidarizou com os parentes da vítima pelo Twitter. “Lamento a morte do Juraci Cunha do Santos, ocorrida hoje na queda de uma viga nas obras da linha 17. Toda nossa solidariedade à família”, escreveu na segunda-feira.
O Consórcio Monotrilho Integração, responsável pela construção da obra, lamentou a morte de Juraci. Por meio de nota, informou que os trabalhadores ajustavam a viga quando a peça caiu. Ainda divulgou que “uma perícia será feita no local paraidentificar as causas do acidente”.
O grupo informou nesta terça-feira que espera a presença dos peritos. Uma viga foi retirada por motivos de segurança no trabalho feito durante a noite. A pilastra que despendou ainda precisa ser retirada.
Operários feridos
Os dois operários feridos no acidente são Carlos Vieira de Souza e Manoel Cristiano da Silva. Eles também estavam em cima da viga no momento que ela despendou. Um deles ficou pendurado. Carlos teria sido levado ao Hospital Saboya, e Silva para o Hospital da Luz. As unidades médicas ficam na Zona Sul. Segundo os bombeiros, os dois machucados estavam em estado grave.
O consórcio informou que esses funcionários que se feriram no acidente foram socorridos, mas não correm risco de morte. “Nesse momento o consórcio responsável pela obra se solidariza com as famílias e prestará todo o suporte necessário às mesmas”, diz a nota.
Defesa Civil
Segundo Jair Paca de Lima, coordenador municipal da Defesa Civil, um trecho de 300 metros da obra onde ocorreu o acidente está interditado desde a tarde de segunda-feira e continuará por tempo indeterminado. “Foi interditado emergencialmente porque a viga continua bloqueando a rua e também precisa se retirada”, disse Lima.
Uma locadora de carros ao lado do local do acidente também foi interditada pela Defesa Civil após ter a estrutura abalada.  O impacto da queda da viga provocou rachaduras no subsolo. “Deve ter sido um problema técnico”, disse o coordenador sobre uma das prováveis causas do acidente que serão apuradas pelo Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica.
Operários realizam a retirada de uma viga do monotrilho da Linha 17 Ouro do Metrô, com a ajuda de um guindaste, na zona sul de São Paulo,  na manhã desta terça-feira (10). A viga caiu nesta segunda-feira (9) causando a morte de um operário  (Foto: Luiz Claudio Barbosa/Futura
Ministério do Trabalho e Emprego
O Ministério do Trabalho e Emprego irá interditar o trecho da obra onde ocorreu o acidente, segundo informou o superintendente Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), Luiz Antônio Medeiros.
“Dois auditores do MTE vão interditar por tempo indeterminado parte da obra por casua do risco de acidente do Trabalho e porque é a segunda vez que tem acidente na obra do Monotrilho. Na primeira vez caíram vergalhões, mas felizmente ninguém se feriu”, disse Medeiros sobre a interdição de trecho da obra feita em novembro, quando havia risco de desabamento de uma viga da mesma linha 17 na altura da Avenida Jornalista Roberto Marinho .
“Era para ter acidente zero e um negócio desse não pode cair”, disse Medeiros, que quer fazer a interdição nesta tarde. “A obra só será liberada após laudos e fiscais garantirem as medidas de segurança que serão feitas pelo MTE”.
Ministério Público Estadual
O Ministério Público Estadual vai instaurar inquérito para apurar a situação da obra, se ela oferece segurança ou não. “O MPE vai pedir um laudo para atestar isso”, disse o promotor de Habitação e Urbanismo, José Carlos de Freitas. “Se o laudo não apontar deficiência, ok, mas se apontar, poderá ser pedida a paralisação da obra”.
Ministério Público do Trabalho
Procurada para comentar o assunto, a assessoria do Ministério Público do Trabalho (MPT), órgão responsável por receber denúncias e fiscalizar questões trabalhistas, não respondeu aos pedidos do G1 até a publicação desta matéria.
Monotrilho
O Consórcio Montrilho Integração é formado pelas empresas Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi Engineering e MPE Montagens e Projetos Especiais. O monotrilho é uma espécie de trem elevado, que transita num único trilho. Durante seu anúncio, foi cogitada a possíbilidade de a obra ser entregue durante a Copa do Mundo, mas devido a atrasos não ficou pronta neste ano.
A linha 17 do monotrilho terá 18 km de extensão e ligará os bairros do Morumbi e Jabaquara, passando pelo Aeroporto de Congonhas. O primeiro trecho deverá ter 7,7 km e contará com as estações Jardim Aeroporto, Congonhas, Brooklin, Vereador José Diniz, Água Espraiada, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi.

Fonte: http://www.circuitomt.com.br/editorias/brasil
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.